segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

GIRO PELO VALE - Comunidades quilombolas do Vale do Jequitinhonha, tem sua primeira remanescente a ingressar no Mestrado em Antropologia Social da UFMG em Belo Horizonte

Foto: Arquivo Pessoal de Raquel


        Quantas vezes ouvimos a frase: “sonhar não é poder", e, muitas vezes desistimos de sonhar porque muitos não acreditam que você realmente pode, e dependendo de sua etnia e da posição social que você se encontra este direito de sonhar é cortado a todo momento, mas essa realidade vem mudando, nosso povo está empoderando-se, no reconhecimento fisicamente e intelectualmente, e assim as portas vão se abrindo pela persistência do “estudar”, o estudo é o caminho que nos leva a realizar sonhos.
         E agora uma dessas sonhadoras acaba de mostrar para todos nós que pode e deve ter sonhos cada vez mais altos. Raquel de Souza Pereira tem 23 anos, filha de agricultores familiares, nascida na comunidade quilombola de Morrinhos, localizada no município de Berilo, sempre foi uma menina engajada nas ações de luta pelos direitos de seu povo, seja na luta contra o avanço da monocultura do eucalipto, na luta por igualdade de gênero, na luta pela garantia dos direitos das comunidades quilombolas. Dedicada, sempre estudou em escola pública e teve nos livros a inspiração dos sonhos possíveis.
     Graduou-se no Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais – IFNMG /campus Araçuaí.
    Participou num período de 06 meses do processo seletivo no Programa de Pós - Graduação em Antropologia Social  (PPGan) da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - FAFICH, na Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. No qual foi selecionada com uma excelente nota, tornando-se a primeira descendente de quilombolas do Vale do Jequitinhonha a ingressar no Programa de Antropologia da UFMG, uma área de suma importância para as comunidades de remanescência quilombola, tendo em vista que são os profissionais da área antropológica que fazem os estudos para titularização coletiva dos territórios quilombolas, e há poucos profissionais com este perfil o que dificulta este trabalho.
      Sonhar é sim possível, basta acreditarmos em nós mesmos, não há limites para os sonhos, que outros e outras Raqueis continuem a sonhar, todos nós temos os mesmos direitos, o direito de ocuparmos as Universidades Federais, seja em graduação, mestrado ou doutorado, que Raquel sirva de inspiração a todos os nossos jovens que mantém vivo dentro de si o direito de “sonhar alto”, por que sonhar é sim poder!

Por


O sonho do Instituto Federal Quilombola

    Arte: Jashad Macbee Depois de meses de lutas, expectativas, articulações e medos, no coração da renovação educativa e cultural do Br...